terça-feira, 24 de julho de 2012

Devaneio.


-É frio aqui dentro, não é?
Ele não perguntou sobre o quarto.
O silencio foi inquietante demais pra deixar como estava. Respondeu sua própria pergunta.
-É, eu sei.
Olhando esquivo pra esquerda percebeu um abajur em formas de estrelas. Eram duas apenas, uma branca e uma azul. As duas estrelas faziam um esguicho de vida passar por entre as pálpebras.
-Abre as janelas, o sol tá lindo lá fora.
Não, ele não queria abrir janela alguma. O sol tiraria proveito da tua pele, zombaria de tua incapacidade, iria à pele dela e também abusaria, encostar-se-ia a todos os lugares descobertos. Além de queimar tua retina com tua imensa luz brilhante e tirar do campo de visão qualquer coisa que fosse amor.
Ela o fez, então. Sem pedir permissão abriu a janela e deixou a luz entrar. Queimou tudo que era amor. Queimou a ele, queimou aos dois. 

(Dia 11/07/2012 às 23h21)

Comum.


Tédio era a palavra perfeita pra esse dia. Três semanas e ele já estava sem nada pra fazer e pensava no que ia acontecer quando as férias durassem dois meses. Já tinha lido todos os livros da estante, viu todos os filmes que tinha e terminou todos os jogos do seu console. Não restava nada pra fazer a não ser pensar na vida. Até a internet, de repente, tornara-se desinteressante. Hugo passeou, saiu com os amigos, mas nada adiantou. Alguma coisa faltava nele. Uma coisa. Alguém.
Era o segundo ano que as coisas já não iam às mil maravilhas e parecia que as coisas não iam melhorar nunca mais, mesmo que ele tenha tentando tantas vezes. Dessa vez era definitiva.  Ele achava graça das coisas como estavam, não via tristeza nenhuma com aqueles acontecimentos. Verônica abriu seu coração pra Hugo até o momento que ela preferiu que outro desse as cordas pra ele funcionar. Pois é, ele sentia ciúmes desde que ela começara a namorar aquele esquisito do Gabriel, ele era todo depressivo igual a ela e parecia que um era a cópia exata do outro, exceto por seus respectivos sexos. Ele já tinha se acostumado com a ausência dela.
Talvez ele nunca mais a veria, e quando pensava nisso não conseguia lembrar-se de dois anos atrás, não conseguia ver o que ela já fora. Certo dia descobriu que ela escrevera sobre ele, sobre o que Hugo fez.
Como foi a conversa mais ou menos eu não lembro, só sei que ele estava lendo e o telefone tocou, atendeu obviamente e veio a voz dela no telefone. Verônica parecia estar feliz, mas triste ao mesmo tempo, sei lá. Como sempre.
- Tô com saudades de você – ela disse.
Hugo simplesmente riu. Mas agora sentia falta do que ela fora pra ele um dia. 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Jornada.

Você tenta encontrar a linha tênue que te leva até o céu azul que tanto procura, mas acaba perdendo-se no meio de tanta nuvem. Sente as gotículas de água que preenche aquele espaço, está assustado com a gélida temperatura. Se você pudesse voar, ficaria pra sempre ai em cima? E quanto mais próximo da linha você se encontra mais uma nuvem se aproxima pra bloquear seu caminho. Não tenha medo, pequeno, é feita d’água e você não tem medo de se molhar. Você vai passar por mais essa e aparecerá outra, ouça o conselho da luz que te guia, pois ela já passou por esse caminho. 

Segue, voa, sonha. Viva.