Tédio era a palavra perfeita pra
esse dia. Três semanas e ele já estava sem nada pra fazer e pensava no que ia
acontecer quando as férias durassem dois meses. Já tinha lido todos os livros
da estante, viu todos os filmes que tinha e terminou todos os jogos do seu
console. Não restava nada pra fazer a não ser pensar na vida. Até a internet,
de repente, tornara-se desinteressante. Hugo passeou, saiu com os amigos, mas
nada adiantou. Alguma coisa faltava nele. Uma coisa. Alguém.
Era o segundo ano que as coisas
já não iam às mil maravilhas e parecia que as coisas não iam melhorar nunca
mais, mesmo que ele tenha tentando tantas vezes. Dessa vez era definitiva. Ele achava graça das coisas como estavam,
não via tristeza nenhuma com aqueles acontecimentos. Verônica abriu seu coração
pra Hugo até o momento que ela preferiu que outro desse as cordas pra ele
funcionar. Pois é, ele sentia ciúmes desde que ela começara a namorar aquele
esquisito do Gabriel, ele era todo depressivo igual a ela e parecia que um era
a cópia exata do outro, exceto por seus respectivos sexos. Ele já tinha se
acostumado com a ausência dela.
Talvez ele nunca mais a veria, e
quando pensava nisso não conseguia lembrar-se de dois anos atrás, não conseguia
ver o que ela já fora. Certo dia descobriu que ela escrevera sobre ele, sobre o
que Hugo fez.
Como foi a conversa mais ou menos
eu não lembro, só sei que ele estava lendo e o telefone tocou, atendeu
obviamente e veio a voz dela no telefone. Verônica parecia estar feliz, mas
triste ao mesmo tempo, sei lá. Como sempre.
- Tô com saudades de você – ela disse.
Hugo simplesmente riu. Mas agora sentia falta do que ela fora pra ele um dia.