terça-feira, 24 de julho de 2012

Devaneio.


-É frio aqui dentro, não é?
Ele não perguntou sobre o quarto.
O silencio foi inquietante demais pra deixar como estava. Respondeu sua própria pergunta.
-É, eu sei.
Olhando esquivo pra esquerda percebeu um abajur em formas de estrelas. Eram duas apenas, uma branca e uma azul. As duas estrelas faziam um esguicho de vida passar por entre as pálpebras.
-Abre as janelas, o sol tá lindo lá fora.
Não, ele não queria abrir janela alguma. O sol tiraria proveito da tua pele, zombaria de tua incapacidade, iria à pele dela e também abusaria, encostar-se-ia a todos os lugares descobertos. Além de queimar tua retina com tua imensa luz brilhante e tirar do campo de visão qualquer coisa que fosse amor.
Ela o fez, então. Sem pedir permissão abriu a janela e deixou a luz entrar. Queimou tudo que era amor. Queimou a ele, queimou aos dois. 

(Dia 11/07/2012 às 23h21)

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